Feridas abertas
A foto, tirada do alto do edifício Itália, mostra a cidade com três grandes feridas, no finalzinho dos anos 60: o alargamento da Consolação, a construção da praça Roosevelt e as obras do minhocão. Pouco tempo depois as feridas fecharam, virando feias cicatrizes.
Bem no centro da foto, vemos uma mancha verde. É a região do Parque Augusta, que atualmente corre o risco de tornar-se a ferida da vez.
(A foto é de um cartão postal)
A metáfora da ferida e da cicatriz caem bem. O que percebo em São Paulo é que, de forma sistemática, a administração pública não se preocupa em recuperar o entorno das grandes obras viárias. Na rua da Consolação vemos até hoje imóveis que foram cortados ao meio há décadas e ficaram daquele jeito. A mesma coisa ocorre na confluência da Rebouças com a Paulista, no prolongamento da Faria Lima (tanto na Vila Olímpia, quanto em Pinheiros), na Roberto Marinho. É o total descaso com o urbanismo.
A gasolina era barata.