Considerada por muitos a construção mais extravagante de São Paulo, a Vila Itororó foi erguida nos anos 20 por um tal Francisco de Castro, um português novo-rico e metido a besta que comprou os restos da demolição de vários prédios, entre eles o Teatro São José, e achou que ficaria bonito usá-los na construção da própria casa.
Por isso ela tem esse aspecto monumental, surrealista, superdimensionado e kitsch. Ela é um frankenstein, um enorme teatro embaralhado, remontado, reconvertido em casa de português.
E no terreno em volta da casa principal, 36 casinhas modestas de aluguel pra garantir uma renda, ora pois.
O conjunto ainda existe, mas está caindo aos pedaços. Depois de muitas décadas habitado como cortiço, recentemente foi desocupado pela prefeitura (numa ação muito polêmica, por sinal), que diz que vai restaurá-lo e fazer dele um centro cultural. A ver.
As fotos abaixo mostram a casa em suas duas encarnações. Na primeira vemos o teatro São José, no viaduto do Chá, onde hoje fica o shopping Light. Na segunda, pedaços do teatro já ressurgiram na rua Martiniano de Carvalho 287, seu endereço atual.
As fotos são de dois cartões postais antigos, à venda no eBay por preços exorbitantes: 150 e 250 dólares, respectivamente. Ainda bem que, para copiar as imagens e colocá-las aqui no blog, não é preciso pagar nada… 🙂


Em tempo: Só não entendi o texto explicativo da segunda foto, que fala em um “monumento commemorativo da fonte de 1822”. Se alguém souber do que se trata, agradeço muito a informação.
Em tempo 2: Existe uma história muito repetida na internet, e que já saiu também em matérias de jornal, de que a Vila Itororó foi construída com os restos de um incêndio que destruiu o teatro São José. Não é verdade, por uma razão muito simples: o teatro, demolido para a construção do prédio da Light, nunca se incendiou. Um outro teatro que não tem nada a ver com a história, mas que também se chamava São José, pegou fogo na praça João Mendes em 1898, daí a confusão.