Palimpsesto é uma palavra de origem grega, que em sentido literal significa “aquilo que se raspa para escrever de novo”.
O google nos ensina que a origem do termo tem a ver com o uso do pergaminho como suporte para a escrita, na antiguidade e na idade média. Um palimpsesto é um escrito que guarda vestígios de outro escrito anterior, que existiu sobre a mesma superfície. Essa prática de apagar para reescrever era comum por razões de economia: o pergaminho era um material escasso e caro, por isso o costume de raspar um texto para fazer outro em cima, sobre seus restos.
Cidades também podem ser lidas como palimpsestos: elas resultam do acúmulo de sucessivos “textos” parcialmente apagados, que guardam sentidos e memórias materiais de diferentes épocas. Compreender uma cidade exige habilidade para reconhecer e decifrar essas diferentes camadas de historicidade, em geral pouco visíveis ao olhar comum.
São Paulo é uma cidade que se desenvolveu marcada por sucessivas demolições e reconstruções, ou apagamentos e reescrituras, e por isso se apresenta como palimpsesto. Uma demonstração disso surgiu neste 1º de maio, em meio à tragédia do Largo do Paissandu. O desmoronamento do edifício Wilton Paes de Almeida fez ressurgir um pequeno vestígio de texto anterior, de uma época em que a cidade era menos brutal e beber Caracu era beber saúde.