Sob o elevado
Ultimamente, tem-se discutido muito se vale a pena ou não demolir o minhocão. O assunto é complexo e não há consenso entre os urbanistas.
Esta foto talvez possa inspirar o debate. Nela dá pra ver como é a praça Marechal Deodoro, atualmente sob o elevado.
(A foto de 1942, de Benedito Junqueira Duarte, é do acervo da Casa da Imagem.)
Reblogged this on Celso Bessa Post-itse comentado:
Derrubar o Minhocão (Elevado Costa e Silva). Sim ou não?
Totalmente sim!
Na época da linda foto São Paulo tinha uns poucos automóveis e nenhum congestionamento. Hoje São Paulo é uma das maiores cidades do mundo, tem 7 milhões de veículos e 35% da frota brasileira. Sem o minhocão a cidade iria parar. Em vez de ser demolido ele precisa ser repaginado, melhorado e tornado mais eficiente e mais bonito. Ao contrário, precisamos de mais minhocões. Por cima das marginais, da Avenida Bandeirantes e da Ricardo Jafet até a Marginal de novo, na altura da Dutra. Minhocões modernos, com muitas pistas, livres para transporte coletivo e pedagiado para veículos particulares, Vejam as Kosokus japonesas e entenderão o que digo!
Essa foto mostra bem o tamanho do estrago que foi o Minhocão.
Existe uma estação de metrô sob esta praça. Se estivesse conectada a uma rede abrangente, quantos ainda usariam o carro? Precisaríamos do Minhocão? A cidade não precisa de mais elevados, precisa de planejamento: transporte público, pólos de serviços na periferia etc. Mas hj grande parte dos investimentos se voltam a elevados, pontes e alargamentos de vias q beneficiam basicamente o veículo particular. Além disso, a cidade cresce ao sabor do mercado imobiliário, não se vê na prática um plano de crescimento ordenado como em qq canto civilizado do planeta.
Uma pena o que a cidade perdeu em nome do ‘progresso’. Se não demolir, espero que caia de velho.
A exemplo de Seul e Boston, a alternativa existe e é clara, os planejadores desta cidade (estão mais preocupados em politicar do que planejar) é que não enxergam…
O que aonteceu na Praca 14-Bis, tambem foi engolido tal civilizacao ou modernozacao, mas esqueceu que a cidade convive com pessoas humas que anda, respira …..
O minhocão tem dois grandes problemas: 1) Fica muito próximo dos edifícios prejudicando muito a qualidade de vida em seu entorno. A poluição e o ruído causados poderiam ser minimizados com o uso de estruturas isolantes. 2) É muito feio. Isto também pode ser melhorado. O grande dilema atual é que não se enxerga nenhuma solução viária que permita a sua demolição sem um elevadíssimo prejuízo ao trânsito da cidade. Ruim com ele, pior sem ele. Pistas elevadas sobre as marginas Tiete e Pinheiros, Avenida Bandeirantes e Ricardo Jafet não têm absolutamente nada a ver com o Minhocão. São pistas e soluções de alta tecnologia que desafogam o trânsito. Antes de criticar pesquise sobre o Inner Ring Road em Nagoya ( http://wikimapia.org/street/878177/Inner-Ring-Road ) . Para piorar, existe um contingente enorme de pessoas que não abrem mão do uso do carro para não ter que compartilhar o transporte com o que chamam de “aquela gente diferenciada”, no popular os pobres.
O Tomomasa fez referência à degradada Praça 14 Bis (até que tentam manter razoavelmente a pracinha). Tanto a praça quanto o seu entorno servem de residência e sanitário a céu aberto para moradores de rua que se negam a usar os serviços dos albergues da Prefeitura. Um grande projeto de reforma vai ser executado na praça por ocasião da instalação ali de uma estação do Metrô. É esperar para ver no que vai dar.
Eu insisto que São Paulo precisa diminuir o tráfego, e não incentivá-lo.
Martin, como pode a prefeitura viabilizar a diminuição do tráfego na cidade?
Não sei, mas com certeza não é fazendo mais viadutos e vias expressas. Isso ela já vem fazendo desde o Prestes Maia e o resultado é o desastre que está aí.
O problema é que São Paulo concentra os postos de trabalho no centro expandido e obriga 3 ou 4 milhões de pessoas a se deslocar das perifierias para o centro diariamente. É como se o Uruguai viesse inteiro para o centro de São Paulo todas as manhãs, desse um rolê e voltasse à noite. É claro que isso sobrecarrega qualquer sistema de transporte, individual ou público. E a tendência é aumentar, porque morar perto do centro fica cada vez mais caro e a população é empurrada cada vez para mais longe. Esse é o problema a ser equacionado, ao invés de fazer obras viárias paliativas para suportar mais e mais e mais trânsito.
A maioria dos trabalhadores de Tóquio e Nagóia não moram na cidade. Moram em cidades próximas. Não se vai de automóvel para o trabalho. Usa-se o trem que faz conexão com o Metrô. De manhã e no fim do dia as estações estão sempre lotadas. O desconforto não é tão grande por uma diferença significativa que se resume em uma palavra: Educação. Nas estações todos andam rapidamente mas ninguém se esbarra. Para entrar no trem ou no metrô formam-se duas filas, cada uma de um lado da porta e o centro da porta fica livre. Os idosos se adiantam e entram na frente dos primeiros da fila. Quando a composição chega e abrem-se as portas, primeiro saem todos os que querem sair, entram os idosos e depois os outros passageiros respeitando a ordem da fila. Ninguém fura a fila. Ninguém corre. Ninguém fala alto. Ninguém usa celular nem aparelho de som. Ninguém encoxa ninguém. Todo mundo toma banho todo dia. Deixo duas perguntas. Como a Prefeitura e o Governo do Estado podem educar a massa de usuários a curto prazo? Como organizar o trânsito e o uso dos transportes coletivos sem a colaboração da população?
Outra questão absurda em São Paulo é que todo mundo começa a trabalhar junto e vai embora junto! Por que não escalonar os horários das escolas, dos bancos, das repartições públicas, do comércio e dos serviços?
Dá uma tristeza enorme ler seus argumentos Ademar, é impressionante como não consegue enxergar através do modelo rodoviário particular. Chega ao ponto de achar que não existe meio de diminuir o trafego… Pô Ademar, existem tantas maneiras…
Você realmente acha justo que partes da cidade sejam sacrificadas para que outras se interliguem? Compre um apartamento na frente do minhocão, veja se é divertido. Moro a uma quadra dele e sei o que todos do bairro pensam. Aliás, só tem um motivo para que moradores da Vila Buarque, da Santa Cecília, da Bela Vista, da Barra Funda, tenham medo da demolição: a especulação imobiliária. Essa sim, o bicho mais pavoroso de todos. É melhor ter esse absurdo urbanístico lhe ensurdecendo e escurecendo seus dias do que ser despejado.
Além do mais, em 42 SP já enfrentava graves problemas de tráfego, que nunca sumiram, ou que ficaram piores pelas decisões equivocadas de tantos e tantos administradores públicos.
Quem é a favor desse elevado horrível e deprimente? Quem não pensa na qualidade de vida dos paulistanos. E os moradores ou proprietários desses imóveis ao longo do minhocão? É um dos lugares mais feios, sujos e fedidos da cidade, mas acho que todo mundo já está tão acostumado com a poluição visual que acha isso normal, mas a ponto de ser a favor de mais?? Como uma cidade do tamanho de São Paulo não tem um metrô melhor, é patético. Uma das maiores cidades do mundo, como disse o Ademar, e tem um sistema de transporte público infeliz. A maioria dos carros nesse trânsito infernal leva somente uma pessoa dentro. País de primeiro mundo não aquele onde todo mundo tem um carro, e assim onde os ricos utilizam o transporte público.
Tenho espraiado a seguinte sugestão, para minorar o drama paulistano diário da mobilidade: extender o RODÍZIO para toda a cidade, no mesmo horário 7-10h e 17-20h, com a seguinte mudança: TODOS os carros pares ficam parados das 7 às 8h30. Em seguida TODOS os carros ímpares ficam parados das 8h30 ás 10h. E no fim da tarde o mesmo raciocínio. É REMÉDIO AMARGO PRA DOENÇA GRAVE. 50% da frota fica parada durante 6 horas ao dia. E com um benefício extra: tornaria exequível a mudança de horário das pessoas em repartições públicas e firmas, aliviando a demanda por mobilidade. Isso ao lado de outras necessárias e urgentes medidas. Me digam o que pensam a respeito.
ET.: Sou favorável a uma repaginada forte do Minhocão… inteligência para isso não nos falta. Mas pararia por aí as intervenções viárias desse tipo. E.T.2: Rodoanel na serra não! E.T.3: PARABÉNS por esse belíssimo blog.
Visualmente a gente gostaria da Av. S. João sem o minhocão, mas é engano achar que o espaço se pareceria com o da foto acima. A cidade não é mais assim, há prédios altos fazendo um paredão e um corredor. A demolição só interessa aos especuladores: a população de moradores do entorno do viaduto seria expulsa pelo “fenômeno da gentrificação” afinal uma área tão próxima ao centro,, ao lado de Higienópolis e Perdizes seria muito valorizada e os imóveis alcançariam outro nível de preço e demanda.e seria até rentável demolir e construir outras torres de imóveis de “alto nível”. O que acontece hoje na Moóca.Portanto seria melhor fazer dele uma pista mais atualizada com parque em cima, tipo High Line do que demolir e especular. Transporte coletivo é a unica solução.
Concordo em parte com a Tita.
Claro que não é possível restituir o aspecto da foto ao local. E nem seria desejável: o passado não volta e não faz sentido querer imitá-lo na arquitetura. Por outro lado, a foto dá uma ideia clara do tamanho e qualidade da praça que poderia ser devolvida a uma cidade tão carente de espaços como esse. Aliás, um dos argumentos dos que se posicionam contra a demolição é que o elevado se torna um espaço público de convivência e lazer aos domingos, e demoli-lo seria perder essa função. Quem argumenta isso se esquece de levar em conta que a demolição devolveria à cidade espaços públicos de qualidade, como esta praça por exemplo, para serem fruídos a semana inteira…
E a gentrificação evidentemente precisa ser combatida com políticas públicas. Mas manter a perda de qualidade ambiental que o minhocão gera (feiura, sombra, ruído, etc) como forma de manter a população morando ali não me parece a melhor política. Significa deixar a região menos habitável para que os pobres habitem nela, o que eu não acho muito defensável.
Como disse acima, a especulação tem que ser combatida, mas concordo com o Martin quando diz que “piorar” um bairro (ou melhor, não melhorá-lo) para evitar a especulação é um pouco estapafúrdio. Eu moro bem próximo do sujeito em questão, e o aluguel já é um absurdo.
Acho que qualquer proposta que não preveja a demolição é paliativa.
Bacana ver como um cartão postal dos anos 40 suscita vários comentários e propostas interessantes!
Mas a volta ao passado perdeu seu sentido. Hoje em dia tudo mudou..Jamais veremos o passado.