Sob o elevado

Ultimamente, tem-se discutido muito se vale a pena ou não demolir o minhocão. O assunto é complexo  e não há consenso entre os urbanistas.

Esta foto talvez possa inspirar o debate. Nela dá pra ver como é a praça Marechal Deodoro, atualmente sob o elevado.

(A foto de 1942, de Benedito Junqueira Duarte, é do acervo da Casa da Imagem.)

24 comentários
  1. Celso Bessa disse:

    Reblogged this on Celso Bessa Post-itse comentado:
    Derrubar o Minhocão (Elevado Costa e Silva). Sim ou não?

    Totalmente sim!

  2. Ademar disse:

    Na época da linda foto São Paulo tinha uns poucos automóveis e nenhum congestionamento. Hoje São Paulo é uma das maiores cidades do mundo, tem 7 milhões de veículos e 35% da frota brasileira. Sem o minhocão a cidade iria parar. Em vez de ser demolido ele precisa ser repaginado, melhorado e tornado mais eficiente e mais bonito. Ao contrário, precisamos de mais minhocões. Por cima das marginais, da Avenida Bandeirantes e da Ricardo Jafet até a Marginal de novo, na altura da Dutra. Minhocões modernos, com muitas pistas, livres para transporte coletivo e pedagiado para veículos particulares, Vejam as Kosokus japonesas e entenderão o que digo!

  3. Essa foto mostra bem o tamanho do estrago que foi o Minhocão.

  4. Daniel Brum disse:

    Existe uma estação de metrô sob esta praça. Se estivesse conectada a uma rede abrangente, quantos ainda usariam o carro? Precisaríamos do Minhocão? A cidade não precisa de mais elevados, precisa de planejamento: transporte público, pólos de serviços na periferia etc. Mas hj grande parte dos investimentos se voltam a elevados, pontes e alargamentos de vias q beneficiam basicamente o veículo particular. Além disso, a cidade cresce ao sabor do mercado imobiliário, não se vê na prática um plano de crescimento ordenado como em qq canto civilizado do planeta.

  5. Uma pena o que a cidade perdeu em nome do ‘progresso’. Se não demolir, espero que caia de velho.
    A exemplo de Seul e Boston, a alternativa existe e é clara, os planejadores desta cidade (estão mais preocupados em politicar do que planejar) é que não enxergam…

  6. Tomomasa Takeda disse:

    O que aonteceu na Praca 14-Bis, tambem foi engolido tal civilizacao ou modernozacao, mas esqueceu que a cidade convive com pessoas humas que anda, respira …..

  7. Ademar disse:

    O minhocão tem dois grandes problemas: 1) Fica muito próximo dos edifícios prejudicando muito a qualidade de vida em seu entorno. A poluição e o ruído causados poderiam ser minimizados com o uso de estruturas isolantes. 2) É muito feio. Isto também pode ser melhorado. O grande dilema atual é que não se enxerga nenhuma solução viária que permita a sua demolição sem um elevadíssimo prejuízo ao trânsito da cidade. Ruim com ele, pior sem ele. Pistas elevadas sobre as marginas Tiete e Pinheiros, Avenida Bandeirantes e Ricardo Jafet não têm absolutamente nada a ver com o Minhocão. São pistas e soluções de alta tecnologia que desafogam o trânsito. Antes de criticar pesquise sobre o Inner Ring Road em Nagoya ( http://wikimapia.org/street/878177/Inner-Ring-Road ) . Para piorar, existe um contingente enorme de pessoas que não abrem mão do uso do carro para não ter que compartilhar o transporte com o que chamam de “aquela gente diferenciada”, no popular os pobres.

  8. Ademar disse:

    O Tomomasa fez referência à degradada Praça 14 Bis (até que tentam manter razoavelmente a pracinha). Tanto a praça quanto o seu entorno servem de residência e sanitário a céu aberto para moradores de rua que se negam a usar os serviços dos albergues da Prefeitura. Um grande projeto de reforma vai ser executado na praça por ocasião da instalação ali de uma estação do Metrô. É esperar para ver no que vai dar.

  9. Eu insisto que São Paulo precisa diminuir o tráfego, e não incentivá-lo.

  10. Ademar disse:

    Martin, como pode a prefeitura viabilizar a diminuição do tráfego na cidade?

  11. Não sei, mas com certeza não é fazendo mais viadutos e vias expressas. Isso ela já vem fazendo desde o Prestes Maia e o resultado é o desastre que está aí.
    O problema é que São Paulo concentra os postos de trabalho no centro expandido e obriga 3 ou 4 milhões de pessoas a se deslocar das perifierias para o centro diariamente. É como se o Uruguai viesse inteiro para o centro de São Paulo todas as manhãs, desse um rolê e voltasse à noite. É claro que isso sobrecarrega qualquer sistema de transporte, individual ou público. E a tendência é aumentar, porque morar perto do centro fica cada vez mais caro e a população é empurrada cada vez para mais longe. Esse é o problema a ser equacionado, ao invés de fazer obras viárias paliativas para suportar mais e mais e mais trânsito.

  12. Ademar disse:

    A maioria dos trabalhadores de Tóquio e Nagóia não moram na cidade. Moram em cidades próximas. Não se vai de automóvel para o trabalho. Usa-se o trem que faz conexão com o Metrô. De manhã e no fim do dia as estações estão sempre lotadas. O desconforto não é tão grande por uma diferença significativa que se resume em uma palavra: Educação. Nas estações todos andam rapidamente mas ninguém se esbarra. Para entrar no trem ou no metrô formam-se duas filas, cada uma de um lado da porta e o centro da porta fica livre. Os idosos se adiantam e entram na frente dos primeiros da fila. Quando a composição chega e abrem-se as portas, primeiro saem todos os que querem sair, entram os idosos e depois os outros passageiros respeitando a ordem da fila. Ninguém fura a fila. Ninguém corre. Ninguém fala alto. Ninguém usa celular nem aparelho de som. Ninguém encoxa ninguém. Todo mundo toma banho todo dia. Deixo duas perguntas. Como a Prefeitura e o Governo do Estado podem educar a massa de usuários a curto prazo? Como organizar o trânsito e o uso dos transportes coletivos sem a colaboração da população?

  13. Outra questão absurda em São Paulo é que todo mundo começa a trabalhar junto e vai embora junto! Por que não escalonar os horários das escolas, dos bancos, das repartições públicas, do comércio e dos serviços?

  14. Isac disse:

    Dá uma tristeza enorme ler seus argumentos Ademar, é impressionante como não consegue enxergar através do modelo rodoviário particular. Chega ao ponto de achar que não existe meio de diminuir o trafego… Pô Ademar, existem tantas maneiras…
    Você realmente acha justo que partes da cidade sejam sacrificadas para que outras se interliguem? Compre um apartamento na frente do minhocão, veja se é divertido. Moro a uma quadra dele e sei o que todos do bairro pensam. Aliás, só tem um motivo para que moradores da Vila Buarque, da Santa Cecília, da Bela Vista, da Barra Funda, tenham medo da demolição: a especulação imobiliária. Essa sim, o bicho mais pavoroso de todos. É melhor ter esse absurdo urbanístico lhe ensurdecendo e escurecendo seus dias do que ser despejado.

  15. Isac disse:

    Além do mais, em 42 SP já enfrentava graves problemas de tráfego, que nunca sumiram, ou que ficaram piores pelas decisões equivocadas de tantos e tantos administradores públicos.

  16. Cris disse:

    Quem é a favor desse elevado horrível e deprimente? Quem não pensa na qualidade de vida dos paulistanos. E os moradores ou proprietários desses imóveis ao longo do minhocão? É um dos lugares mais feios, sujos e fedidos da cidade, mas acho que todo mundo já está tão acostumado com a poluição visual que acha isso normal, mas a ponto de ser a favor de mais?? Como uma cidade do tamanho de São Paulo não tem um metrô melhor, é patético. Uma das maiores cidades do mundo, como disse o Ademar, e tem um sistema de transporte público infeliz. A maioria dos carros nesse trânsito infernal leva somente uma pessoa dentro. País de primeiro mundo não aquele onde todo mundo tem um carro, e assim onde os ricos utilizam o transporte público.

  17. Eduardo Britto disse:

    Tenho espraiado a seguinte sugestão, para minorar o drama paulistano diário da mobilidade: extender o RODÍZIO para toda a cidade, no mesmo horário 7-10h e 17-20h, com a seguinte mudança: TODOS os carros pares ficam parados das 7 às 8h30. Em seguida TODOS os carros ímpares ficam parados das 8h30 ás 10h. E no fim da tarde o mesmo raciocínio. É REMÉDIO AMARGO PRA DOENÇA GRAVE. 50% da frota fica parada durante 6 horas ao dia. E com um benefício extra: tornaria exequível a mudança de horário das pessoas em repartições públicas e firmas, aliviando a demanda por mobilidade. Isso ao lado de outras necessárias e urgentes medidas. Me digam o que pensam a respeito.

  18. Eduardo Britto disse:

    ET.: Sou favorável a uma repaginada forte do Minhocão… inteligência para isso não nos falta. Mas pararia por aí as intervenções viárias desse tipo. E.T.2: Rodoanel na serra não! E.T.3: PARABÉNS por esse belíssimo blog.

  19. Tita Terra disse:

    Visualmente a gente gostaria da Av. S. João sem o minhocão, mas é engano achar que o espaço se pareceria com o da foto acima. A cidade não é mais assim, há prédios altos fazendo um paredão e um corredor. A demolição só interessa aos especuladores: a população de moradores do entorno do viaduto seria expulsa pelo “fenômeno da gentrificação” afinal uma área tão próxima ao centro,, ao lado de Higienópolis e Perdizes seria muito valorizada e os imóveis alcançariam outro nível de preço e demanda.e seria até rentável demolir e construir outras torres de imóveis de “alto nível”. O que acontece hoje na Moóca.Portanto seria melhor fazer dele uma pista mais atualizada com parque em cima, tipo High Line do que demolir e especular. Transporte coletivo é a unica solução.

  20. Concordo em parte com a Tita.
    Claro que não é possível restituir o aspecto da foto ao local. E nem seria desejável: o passado não volta e não faz sentido querer imitá-lo na arquitetura. Por outro lado, a foto dá uma ideia clara do tamanho e qualidade da praça que poderia ser devolvida a uma cidade tão carente de espaços como esse. Aliás, um dos argumentos dos que se posicionam contra a demolição é que o elevado se torna um espaço público de convivência e lazer aos domingos, e demoli-lo seria perder essa função. Quem argumenta isso se esquece de levar em conta que a demolição devolveria à cidade espaços públicos de qualidade, como esta praça por exemplo, para serem fruídos a semana inteira…
    E a gentrificação evidentemente precisa ser combatida com políticas públicas. Mas manter a perda de qualidade ambiental que o minhocão gera (feiura, sombra, ruído, etc) como forma de manter a população morando ali não me parece a melhor política. Significa deixar a região menos habitável para que os pobres habitem nela, o que eu não acho muito defensável.

  21. Isac disse:

    Como disse acima, a especulação tem que ser combatida, mas concordo com o Martin quando diz que “piorar” um bairro (ou melhor, não melhorá-lo) para evitar a especulação é um pouco estapafúrdio. Eu moro bem próximo do sujeito em questão, e o aluguel já é um absurdo.
    Acho que qualquer proposta que não preveja a demolição é paliativa.

  22. André disse:
  23. Flavio disse:

    Bacana ver como um cartão postal dos anos 40 suscita vários comentários e propostas interessantes!

  24. Mas a volta ao passado perdeu seu sentido. Hoje em dia tudo mudou..Jamais veremos o passado.

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