Capão

A Raíris Dias sugeriu que eu postasse algo sobre o Capão Redondo, e eu gostei da ideia. Afinal, apesar dos seus 100 anos e dos seus 300 mil habitantes (quase a população de Vitória, capital do Espírito Santo), o Capão é um bairro muito pouco conhecido pelo resto da cidade, lembrado muito mais pela fama de violento e perigoso do que pela sua história e cultura.

Capão, no dicionário, significa uma porção de mato isolada no meio do campo. E era isso que o bairro era no começo do século 20: uma mancha de mata Atlântica na periferia de Santo Amaro, que na época era uma cidade separada de São Paulo. Foi por isso que, na década de 1910, a área passou a ser usada como lugar de lazer, por gente que se deslocava até lá para caçar e acampar.

Nessa mesma época começam a aparecer algumas chácaras, e o bairro ganha seus primeiros habitantes fixos. E também nessa época se instala por lá a igreja adventista, que até hoje tem uma presença marcante no bairro. Em 1915 os adventistas fundaram um colégio que até hoje está no mesmo local, atualmente funcionando como universidade. E alguns anos depois eles inauguraram a Superbom, uma indústria de alimentos e conservas que todo mundo que cresceu em São Paulo conhece, embora não saiba que é do Capão.

Nos anos 60 e 70 o bairro se adensa muito. Um pouco mais tarde chega a cultura contestadora do rap e do hip hop. E a antiga porção de mato vira berço de artistas como Mano Brown, líder do grupo Racionais MC´s, e o escritor Ferréz.

As imagens abaixo são de um filme produzido pelo Mano Brown que conta a história do bairro com muito mais autoridade do que eu. O filme pode ser visto aqui: http://www.youtube.com/watch?v=CtSqr9yu1QE