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Meu amigo Marcos César da Silva me fez viajar em lembranças, ontem, quando postou no Facebook esta foto de uma casa na Avenida Angélica. Em geral não falo muito de mim aqui, afinal o blog é sobre memórias de São Paulo, e não sobre as minhas, mas hoje não vai dar pra separar.

A foto não está datada, mas os vestidos e chapéus das duas mulheres sugerem que seja da década de 1920. A casa não pode ter sido construída muito antes, então gosto de pensar que as pessoas no portão são seus primeiros moradores, posando orgulhosos ao lado da casa nova. O endereço anotado à mão, Avenida Angélica número 1-A, permaneceria assim até a década de 1930, quando São Paulo adotou o sistema métrico vigente até hoje. Como a casa ficava a 55 metros do início da avenida, o endereço dela passou a ser Avenida Angélica 55.

Nos anos 80, quando eu conheci a casa, esse pessoal da foto já não andava mais por lá. Quem ocupava a casa era um casal já meio idoso, de quem guardo afetuosas lembranças.

Ele se chamava Marc e era francês. Ela chamava-se Miriam (mas todo mundo a conhecia por Dona Mary) e era de algum país do leste europeu, não lembro mais qual. Ambos judeus, chegados ao Brasil já casados, na década de 40, fugindo do horror nazista. Eles não moravam na casa. Eram meus vizinhos num prédio não muito longe dali, eles num apartamento no primeiro andar, eu no terceiro. Na casa da Angélica eles tinham uma editora de livros, a Nova Época Editorial. Eu nunca perguntei, mas sempre imaginei a razão desse nome: é um nome bonito para o negócio de alguém que deixou tudo pra trás e teve de recomeçar a vida.

Eu tinha uns 12 ou 13 anos quando comecei a visitar a editora, a convite deles, e sempre saía de lá com uns livros de presente. Foi assim que conheci a casa por dentro. Continuei ganhando livros até meus 16 ou 17 anos, e vários deles conservo até hoje.

O que eu achava estranho, na época, é que embora meus vizinhos fossem um casal muito culto, sofisticados até, o catálogo deles não primava em absoluto pela qualidade. Os livros eram baratos (pelo menos é a memória que tenho), mas nenhum se salvava: eram todos muito ruins.

Lembro, por exemplo, de uns dicionários curiosos. Tinha um Dicionário de Siglas e Abreviaturas, que o próprio dono da editora assinava como autor. E um Dicionário Multilíngue, que servia para traduzir palavras de qualquer idioma para qualquer outro. Curiosamente era um volume fino, que condensava essas línguas todas em umas cento e poucas, talvez duzentas páginas. Muitos títulos da Nova Época ainda podem ser achados em sebos. Numa busca rápida pelo nome da editora no site Estante Virtual, encontrei alguns: “Cavalos de Raça e Mulheres de Classe”, de David Niven; “Xaviera Supersex”, de Xaviera Hollander; “Shampoo”, de Robert Alley; “Como se entender melhor com seu filho”, de Shirley Camper Soman.

Também tinha uma biografia do Santos Dumont pelo jornalista Fernando Jorge, talvez o único livro melhorzinho. Esse também é o único que continua sendo reeditado, atualmente no catálogo de outra editora.

Mas eu quero falar mesmo é dos livros do Franz Kafka. Naquela época a obra do Kafka ainda não estava em domínio público, e a editora do casal Mary e Marc detinha os direitos de publicação no Brasil. E eles a publicavam em edições muito mal feitas, toscas mesmo. Nem sequer traduziam do original alemão. As traduções do Kafka eram feitas a partir de edições já traduzidas ao inglês!

Mas o fato é que eram esses os livros que eu ganhava e faziam a minha alegria. E foi desse jeito que, ainda adolescente, fui incentivado a ler A Metamorfose e O Processo. Felizmente, alguns anos depois a obra do Kafka passou a ser publicada pela Brasiliense, e eu pude ler tudo de novo em traduções decentes.

Quando o sr. Marc morreu, no final dos anos 80, Dona Mary fechou a editora. Continuou morando no meu prédio um bom tempo, mas depois se mudou e eu perdi o contato. Fiquei sabendo que ela morreu quase centenária, em 2016.

A casa também ficou em pé por muitos anos, com outros usos. Foi demolida em 2015 e até hoje não construíram nada no lugar, como se vê nas fotos do Google que reproduzo no final do post.

Passados tantos anos da minha convivência com eles, eu me lembro com carinho do casal de editores e lhes agradeço por terem publicado tanto livro ruim. Devia ser o que vendia, e o que dava pra fazer. E muita gente, como eu, deve ter tomado gosto pela leitura lendo os livros rústicos e baratos que eles faziam. Hoje tem bem menos livros sendo feitos, e os que tem são bem menos acessíveis. Assim como aconteceu com a casa, ninguém construiu nada melhor no lugar.

Na seleção de fotos de Joe J. Heydecker publicada ontem, estas duas tinham ficado de fora. Mas eu as acho tão simpáticas que resolvi fazer um novo post só para elas.

Ao contrário das de ontem, que mostram gente anônima nas ruas, estas são fotos de família. É a esposa do fotógrafo, Charlotte, quem aparece se despedindo da filha, Tita Heydecker, na porta da perua escolar. Pelo menos é o que explicam as fichas de ambas as fotos, no organizado acervo da Biblioteca Nacional da Áustria. As imagens são de 1961. A perua parece meio velha, mesmo para a época.

O que os austríacos provavelmente não sabem, porque não incluíram na descrição, é o endereço exato da cena. Mas estamos na rua Rocha 318, na Bela Vista, e o prédio ao fundo continua igualzinho até hoje.

Schulbus in São Paulo

Schulbus in São Paulo

Foi por intermédio de um leitor assíduo do blog, o Andre Borges Lopes, que eu conheci esta semana o trabalho de Joe J. Heydecker, um fotógrafo de quem eu nunca tinha ouvido falar. Fiquei um tempão olhando as fotos, fascinado.

Pesquisando na internet, fiquei sabendo que Heydecker nasceu em 1916 em Nuremberg, na Alemanha, viveu em diferentes países e produziu uma vasta e variada obra como jornalista, fotógrafo e escritor. A fase mais importante parece ter sido nos anos 40, na Polônia, onde ele fotografou clandestinamente os crimes de guerra nazistas no gueto de Varsóvia.

Mas as fotos que mais me chamaram a atenção foram as produzidas entre 1960 e 1985, período em que ele viveu em São Paulo e registrou o cotidiano da cidade.

As fotos de São Paulo são tantas, e tão interessantes, que foi difícil fazer uma seleção. Acabei trazendo estas, do início dos anos 60, porque mostram a paisagem humana da cidade: falam da vida em São Paulo por meio das pessoas nas ruas. Minhas favoritas são das da feira que funcionava na praça Roosevelt, e as do jardim do Museu do Ipiranga.

Heydecker morreu em 1997 em Viena, e suas fotos ficaram lá. O acervo de 25 mil negativos pertence hoje à Biblioteca Nacional da Áustria. As imagens, digitalizadas, estão disponíveis para pesquisa aqui: http://www.europeana.eu.

Obrigado ao Andre pela indicação!

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A  alameda Fernão Cardim é uma ruazinha de apenas dois quarteirões, que corre paralela à avenida Paulista, começando na Brigadeiro Luís Antonio e terminando na alameda Campinas. Hoje ela é basicamente um corredor de guaritas e grades de segurança, que não se presta muito a festividades. Mas há 50 anos, era cenário dos carnavais de Mariana Pabst Martins.

Mariana é a mais alta das meninas que aparecem no portão, posando com suas fantasias no carnaval de 1967. Um pouco mais à esquerda, protegido pelo toldo que servia de garagem, aparece o DKW Fissore do pai de Mariana, o artista plástico Aldemir Martins.

A casa, segundo nos conta Mariana, foi demolida nos anos 70 junto com a vizinha da esquerda, no auge da febre imobiliária que alterou  a paisagem dos Jardins, substituindo as casinhas, mansões e cortiços que formavam um bairro misto e variado, pelo mar de prédios homogêneos que conhecemos hoje.

No lugar das duas casas, hoje existe o edifício alto e gradeado que se vê na foto abaixo, do Google. Seu “estilo neoclássico” relembra um passado que São Paulo nunca teve. E seu nome, “Mansão Fragonard”, homenageia o francês Jean-Honoré Fragonard, artista plástico do século 18 que, ao contrário do pai de Mariana, nunca teve nada a ver com o lugar.

Arquitetura neoclássica de carro alegórico e homenagem barroca de samba enredo…
Pensando bem, de alguma maneira o local conseguiu conservar, sim, a atmosfera festiva do carnaval.

 

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(Agradeço à Mariana, que pela segunda vez compartilhou conosco suas fotos e memórias.)

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Não sei quase nada sobre Alice Lebeis. Mas pelo que achei na internet, fiquei sabendo que ela viveu em São Paulo, onde morreu em dezembro de 1960, aos 84 anos de idade. Em 1904, portanto, quando escreveu este cartão, ela tinha 27 anos, ou talvez já tivesse feito 28.

Parece que por essa época Alice se dedicava ao intercâmbio de postais, um passatempo bastante comum num tempo em que as pessoas não dispunham do Facebook para fazer amizades virtuais. Uma de suas correspondentes foi uma tal Madame Vanderman, que entre 1903 e 1904 recebeu dezenas de cartões como este, com vistas de São Paulo, e deve ter enviado outros tantos de Paris. Os que recebeu foram mantidos juntos até agora, e acabam de aparecer à venda em um site especializado, por 20 euros cada um. Eu acho caro.

Em geral, como era de praxe, em cada cartão que enviava Alice escrevia um recadinho curto com uma pequena explicação em francês sobre o lugar retratado. Neste aqui, porém, resolveu fazer diferente: mandou ver um poema inteiro, com quatro estrofes, e precisou espremer a letra para que coubesse tudo no cartão.

O texto se intitula “Le Rosier” (A Roseira), e começa assim:

Je l’ai planté, je l’ai vu naître,
Ce beau rosier où les oiseaux,
Au matin, près de ma fenêtre,
Viennent chanter sur ses rameaux

(Eu a plantei, eu a vi nascer
Essa linda roseira onde os pássaros
Pela manhã, perto da minha janela,
Vêm cantar sobre seus ramos)

Alice certamente colocou o poema no cartão por achar que ele ornava com a paisagem bucólica fotografada por Guilherme Gaensly. Num primeiro momento, eu imaginei que os versos fossem dela própria, mas o Google logo desmentiu minha impressão. Eles são na verdade uma versão meio piorada (Alice devia estar distraída, escrevendo de memória, e acabou errando um pouco) de uma conhecida letra de música. E não é uma letra qualquer: foi escrita no século 18 por Alexandre Deleyre (1723-1796), para uma canção composta por ninguém menos, vejam só, do que o filósofo Jean-Jacques Rousseau.

Mas nessa história toda, o que soa mais curioso hoje em dia é que uma paisagem dos Campos Elíseos, com a rua Barão de Piracicaba em primeiro plano, tenha lembrado a alguém uma música que fala sobre flores, passarinhos e tranqulidade na janela…

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(A primeira imagem é de um cartão postal à venda na internet; a segunda é das Obras Completas de Rousseau, edição de 1825. Agradeço ao Marcos César da Silva, que me ajudou a identificar os Campos Elíseos na foto.)

O reverendo Alva W. Knoll, até onde eu consegui pesquisar, foi um religioso americano que passou a maior parte da vida em Freeport, uma cidadezinha do estado de Ohio. As últimas informações que consegui achar dele são dos anos 1960: deve ter se aposentado ou morrido nessa época.

Mas bem antes disso, quando ainda era estudante em um seminário metodista, ele teve a chance de fazer longas viagens pelo mundo. E uma delas, em 1924, incluiu um tour pela América do Sul.

A viagem rendeu muitas fotos, e de volta aos Estados Unidos o futuro pastor resolveu ganhar um dinheirinho com elas, rodando as igrejas do estado de Ohio e oferecendo seus serviços como palestrante.

Como na época não exista powerpoint, o jeito era viajar carregando 50 delicados slides de vidro para serem projetados. A palestra se chamava “Little glimpses of daily life beyond the Equator” (Pequenos vislumbres da vida cotidiana debaixo do Equador), e a remuneração sugerida era de 10 dólares. O restante das informações está no folheto datilografado que Alva distribuía divulgando o serviço:

“Fifty minute lecture, with fifty colored slides selected from 800 photographs taken on the South American Tour. Slides made up and colored by Knoll. Slides give a fair picture of living conditions, customs, character, and some history.”

(Palestra de 50 minutos, com 50 slides coloridos selecionados de 800 fotografias do tour sulamericano. Os slides, produzidos e colorizados por Knoll, proporcionam uma imagem fiel das condições de vida, costumes, caráter e alguma história.)

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As imagens que ele mostrava de São Paulo eram interessantes, mas eu tenho cá as minhas dúvidas sobre a qualidade das informações que Alva Knoll divulgava na palestra. Em um dos slides, dá pra perceber que ele ficou na dúvida sobre como escrever “Butantan”. E em outro, errou bem mais feio: escreveu “Teatros” na foto do Anhangabaú em que aparecem os prédios da Prefeitura e do Automóvel Clube. Deve tê-los confundido com o Teatro Municipal e o Teatro São Pedro, que ficavam (um deles ainda fica) quase ali, mas do lado oposto do vale.

Mas o mais interessante nas fotos é que, se fossem tiradas hoje, a do Instituto Butantan ficaria praticamente igual, enquanto a do Anhangabaú seria totalmente diferente. Meu detalhe preferido  está na segunda: o edifício Sampaio Moreira, em construção, exibindo um anúncio do loteamento Bosque da Saúde. O prédio do centro e o bairro da zona sul estavam nascendo simultaneamente.

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“Não posso ficar / Nem mais um minuto com você / Sinto muito, amor / Mas não pode ser / Moro em Jaçanã / Se eu perder esse trem / Que sai agora às onze horas / Só amanhã de manhã”

Imortalizado no samba de Adoniran Barbosa, o trem da Cantareira (ou tramway da Cantareira, como também era chamado) é lendário em São Paulo.

Mas embora esteja tão presente na memória afetiva da cidade, as fotos que restaram dele não costumam ter qualidade. A internet está cheia delas, mas são imagens em preto e branco, com baixa resolução e pouca nitidez.

Por isso eu fiquei surpreso quando descobri estas. Nunca tinha visto fotos do trem a cores, e muito menos com esta riqueza de detalhes. Destaque para a estação Guarulhos, que por sinal continua em pé até hoje, embora evidentemente não seja mais usada como estação.

As fotos são de setembro de 1963 (essa é a data da revelação, impressa na moldura dos slides kodachrome). Foi justamente nessa época que Adoniran compôs o samba, que seria lançado em disco, pelos Demônios da Garoa, em 1964.

O trem, que circulava desde 1893, foi desativado menos de dois anos depois destas fotos.

As imagens são reproduzidas de slides de 35 mm da época, que apareceram à venda em Bethlehem, no estado americano da Pensilvânia. Como foram parar lá, não faço ideia. Mas fico feliz de tê-les achado e poder dar esta pequena contribuição à memória iconográfica do trem das onze.

Atualização em 24 de novembro: Cinco meses depois da publicação, o vendedor lá em Bethlehem descobre que tinha mais dois slides, e eu não podia deixar de acrescentá-los ao post! Gostei especialmente da segunda imagem, que é ainda mais rara que as anteriores. Nela o trem aparece puxado por uma das locomotivas a diesel que, quando a linha já estava para ser desativada, chegaram a ser usadas em substituição às tradicionais a vapor.

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Eu nunca tinha ouvido falar de Edward Dukinfield Jones. Pesquisando na internet, fiquei sabendo que ele foi um engenheiro inglês, natural de Liverpool, que chegou ao Brasil em 1877 e por aqui viveu alguns anos. O que veio fazer exatamente, não consegui descobrir.

Mas parece que o engenheiro gostava de mariposas. Em 1882, em parceria com outro inglês, escreveu um estudo chamado “Metamorphoses of lepidoptera from San Paulo, Brazil, in the Free Public Museum, Liverpool” (Metamorfoses de lepidóptera de São Paulo, Brasil, no Museu Público de Liverpool). E em 1908 saiu outro, “New species of lepidoptera-heterocera from Southeast Brazil” (Nova espécie de lepidóptera heterócera do sudeste do Brasil). Os dois artigos foram publicados na Inglaterra.

E além de mariposas, ele gostava também de fotografia. Em 1894 publicou, também na Inglaterra, um livro-álbum intitulado “Views of the state of Parana” (Vistas do estado do Paraná), com 86 fotos, a maioria delas da cidade de Castro e seus arredores.

Algum tempo atrás, uma grande coleção de fotos originais do inglês apareceu à venda na internet. E, misturadas com as do Paraná, havia algumas da cidade de São Paulo.

A mais interessante era esta que reproduzo abaixo. Olhando só para a imagem, nem daria para saber que ela é de São Paulo. Mas a anotação a lápis no verso, feita provavelmente pelo próprio inglês, explica que se trata de um chalé na rua Pacaembu de Cima.

A rua mudou de nome duas vezes: primeiro para Boulevard Burchard, nome que não vingou, e em seguida para Avenida Higienópolis.

Falta agora descobrir em que ponto da atual avenida ficava o simpático chalé. Minhas habilidades de pesquisa não chegam a tanto…

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Os arquitetos modernistas, como sabemos, não iam muito com a cara do João Artacho Jurado.

Mas parece que os poetas modernistas não tinham nada contra.

É o caso de Manuel Bandeira. Não acho que ele ia se deixar fotografar deste jeito, caso não achasse o edifício Viadutos minimamente poético. E olha que o prédio ainda nem estava pronto!

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A foto saiu sem crédito no Jornal da Tarde em 19 de abril de 1986, data em que o poeta completaria 100 anos. Quem a descobriu foi o Alexandre Giesbrecht, que a publicou no twitter. Eu não resisti e a copiei aqui, mas a publicação original do Alexandre é esta: goo.gl/eCwcFr.

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A foto acima é clássica. Feita em 1954 por German Lorca, ela acabou se tornando uma das mais conhecidas do autor, fotógrafo oficial das comemorações do IV Centenário.

A foto abaixo, ao contrário, era inédita até agora. Também foi feita em 1954, mas por um alemão anônimo que, ao que parece, visitou a “Internationale Ausstellung” do Ibirapuera e mandou revelar o filme na Fotoptica.

Sem dúvida a foto de Lorca tem mais poesia que a do alemão, mas mesmo assim achei curiosa a semelhança entre elas. Até as sombras que as pessoas projetam no chão se parecem muito nas duas!

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A foto de German Lorca é reproduzida da internet. A do alemão estava até agora em Berlim e apareceu à venda num site, junto com a do post anterior.